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O Feminino na Mitologia Grega: resumo da Palestra de Lúcia Helena Galvão

Nota Editorial: neste post, apresento um resumo do vídeo "o Feminino na Mitologia", que que é conteúdo que pertence ao canal do Youtube da Instituição "Nova Acrópole". A "Nova Acrópole" é uma instituição que admiro profundamente pelo seu trabalho em filosofia e desenvolvimento pessoal, oferece conteúdos valiosos e esclarecedores. Através deste resumo, procuro compartilhar de forma acessível as principais ideias discutidas no vídeo. Agradeço à Nova Acrópole pelo seu empenho em disseminar conhecimento e promover a reflexão, bem como, à Professora Lúcia Helena Galvão, pela generosidade e encanto que deixa por onde passa.




Representação das deusas gregas, símbolo dos arquétipos femininos na mitologia grega
Representação das deusas gregas, símbolo dos arquétipos femininos na mitologia grega

Este tema foca-se no ideal feminino nas civilizações antigas, analisando como se concebia a perfeição não só nas coisas, mas também no ser humano. Atualmente, vivemos numa era onde a procura do ideal se manifesta em quase todos os aspetos das nossas vidas: procuramos o computador perfeito, o carro mais económico, a casa mais confortável. No entanto, quando se trata de nós mesmos, parece que deixámos de acreditar na necessidade de nos aperfeiçoarmos. Esta visão está enraizada no egoísmo contemporâneo, que promove a ideia de que o ser humano, ao contrário de outros elementos do universo, não precisa de evolução, pois foi criado para ser servido, não para se aperfeiçoar.


Na história das civilizações, sempre houve a concepção de que os seres humanos têm um ideal a atingir, semelhante ao ideal que imaginamos para as coisas. Este ideal humano não é apenas uma meta, mas um estado que se procura alcançar, e que, segundo as tradições, envolve a compreensão das dualidades, como o masculino e o feminino. Ao longo da história, essa distinção entre masculino e feminino não foi vista como um preconceito, mas como uma complementação, onde cada um desempenha um papel específico e valioso na criação de harmonia e beleza no mundo.


Os gregos, baseando-se no pensamento platónico, acreditavam que existe um ideal para todas as coisas no plano das ideias e que a evolução consiste na busca desse ideal. As suas mitologias, através de histórias de deusas e heroínas, ilustravam o que consideravam ser o perfil feminino ideal. A visão platónica e as tradições mitológicas revelam que a beleza do feminino, assim como do masculino, reside na sua capacidade de complementaridade, e não na igualdade absoluta. Esta harmonia por oposição é o que gera a beleza e a perfeição no mundo manifestado, refletindo a unidade primordial do universo.


As tradições antigas associavam frequentemente o número três ao sagrado, representado em tríades e trindades, como Pai, Filho e Espírito Santo ou Brahma, Vishnu e Shiva. Este conceito está intimamente ligado à ideia de que, no plano espiritual, tudo é uno, enquanto no mundo material, tudo se manifesta de forma dual. Esta dualidade é vista em todas as coisas: luz e escuridão, som e silêncio, cheio e vazio. O importante é que essas polaridades não são concebidas como opostas em guerra, mas sim como complementares, que juntas criam harmonia e beleza.


No contexto do ideal feminino, a dualidade também se manifesta no equilíbrio entre as características físicas, emocionais e mentais. O corpo físico feminino é geralmente mais frágil em termos de força bruta, mas é compensado por uma grande resistência emocional e uma mente prática, que tende a concretizar o pensamento de forma útil e aplicada à vida quotidiana. Esta complementaridade entre o masculino e o feminino é o que permite que o mundo gire, criando movimento e progresso através da harmonia entre opostos.


Os gregos representavam essas ideias através das suas divindades, cada uma delas simbolizando diferentes aspetos da existência humana e do cosmos. No panteão grego, as deusas representam diferentes virtudes e características femininas que, segundo a mitologia, são potencialidades latentes em todas as mulheres. Atena, por exemplo, personifica a sabedoria e a prudência, combinando poder com medida, enquanto Afrodite simboliza o amor e a beleza, nascida da unidade primordial, destinada a restaurar a harmonia no mundo dividido.


Na mitologia grega, o panteão olímpico era composto por deuses e deusas que representavam uma vasta gama de virtudes e características humanas. Entre as deusas, seis eram particularmente importantes na definição do ideal feminino: Atena, Afrodite, Artémis, Deméter, Hera e Héstia. Cada uma destas deusas oferecia às mulheres exemplos de virtudes a seguir, simbolizando diferentes aspetos do ser feminino.


Atena, a deusa da sabedoria, representa a combinação da prudência com o poder, criando uma forma de liderança que é tanto diplomática quanto eficaz. Ela inspira a capacidade de manter a coesão e a harmonia nas relações, algo que é crucial na manutenção da unidade familiar e social. Afrodite, por sua vez, simboliza o amor e a beleza, mas não um amor superficial; ela é filha da unidade primordial e promove a união verdadeira e duradoura entre os corações, transcendendo as divisões físicas e materiais.


Artémis, a deusa da caça e da pureza, simboliza a capacidade de manter a pureza e a integridade, mesmo em situações de grande poder. Ela é o arquétipo da proteção e do respeito às leis naturais, servindo como modelo para uma vida vivida em harmonia com o mundo natural e espiritual. Deméter, a deusa da colheita e da fertilidade, representa a generosidade e a capacidade de nutrir e cuidar dos outros, assegurando que a vida floresça e prospere.


Hera, a rainha dos deuses, é a guardiã dos pactos e do compromisso, ensinando a importância de se comprometer com valores elevados e de manter a integridade, mesmo quando confrontada com desafios. Por fim, Héstia, a deusa do lar, simboliza o centro sagrado da vida, o fogo que aquece e dá sentido à existência humana. Ela ensina a importância de sacralizar a vida quotidiana, fazendo de cada ato um reflexo dos valores mais elevados.


As heroínas gregas, como Antígona, Hipermnestra, Alceste, Ifigénia, Ariadne e Penélope, inspiraram-se nestas deusas para superar as suas próprias provas. Antígona, por exemplo, demonstra a fidelidade às leis divinas acima das leis humanas, enquanto Penélope personifica a paciência e a perseverança, mantendo a ordem e a esperança viva em Ítaca durante a longa ausência de Ulisses. Estas histórias mostram que, independentemente das circunstâncias, as mulheres podem manifestar as virtudes divinas no seu dia-a-dia, tornando-se verdadeiras heroínas.


Cada uma destas histórias não é apenas um conto do passado, mas sim um espelho das potencialidades que residem em cada mulher. A mitologia grega oferece um tesouro de sabedoria sobre como viver de acordo com as virtudes femininas, revelando o potencial oculto dentro de cada uma para alcançar a grandeza e a harmonia.

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