Nota Editorial: neste post, apresento um resumo do vídeo "o Feminino na Mitologia", que que é conteúdo que pertence ao canal do Youtube da Instituição "Nova Acrópole". A "Nova Acrópole" é uma instituição que admiro profundamente pelo seu trabalho em filosofia e desenvolvimento pessoal, oferece conteúdos valiosos e esclarecedores. Através deste resumo, procuro compartilhar de forma acessível as principais ideias discutidas no vídeo. Agradeço à Nova Acrópole pelo seu empenho em disseminar conhecimento e promover a reflexão, bem como, à Professora Lúcia Helena Galvão, pela generosidade e encanto que deixa por onde passa.
Este tema foca-se no ideal feminino nas civilizações antigas, analisando como se concebia a perfeição não só nas coisas, mas também no ser humano. Atualmente, vivemos numa era onde a procura do ideal se manifesta em quase todos os aspetos das nossas vidas: procuramos o computador perfeito, o carro mais económico, a casa mais confortável. No entanto, quando se trata de nós mesmos, parece que deixámos de acreditar na necessidade de nos aperfeiçoarmos. Esta visão está enraizada no egoísmo contemporâneo, que promove a ideia de que o ser humano, ao contrário de outros elementos do universo, não precisa de evolução, pois foi criado para ser servido, não para se aperfeiçoar.
Na história das civilizações, sempre houve a concepção de que os seres humanos têm um ideal a atingir, semelhante ao ideal que imaginamos para as coisas. Este ideal humano não é apenas uma meta, mas um estado que se procura alcançar, e que, segundo as tradições, envolve a compreensão das dualidades, como o masculino e o feminino. Ao longo da história, essa distinção entre masculino e feminino não foi vista como um preconceito, mas como uma complementação, onde cada um desempenha um papel específico e valioso na criação de harmonia e beleza no mundo.
Os gregos, baseando-se no pensamento platónico, acreditavam que existe um ideal para todas as coisas no plano das ideias e que a evolução consiste na busca desse ideal. As suas mitologias, através de histórias de deusas e heroínas, ilustravam o que consideravam ser o perfil feminino ideal. A visão platónica e as tradições mitológicas revelam que a beleza do feminino, assim como do masculino, reside na sua capacidade de complementaridade, e não na igualdade absoluta. Esta harmonia por oposição é o que gera a beleza e a perfeição no mundo manifestado, refletindo a unidade primordial do universo.
As tradições antigas associavam frequentemente o número três ao sagrado, representado em tríades e trindades, como Pai, Filho e Espírito Santo ou Brahma, Vishnu e Shiva. Este conceito está intimamente ligado à ideia de que, no plano espiritual, tudo é uno, enquanto no mundo material, tudo se manifesta de forma dual. Esta dualidade é vista em todas as coisas: luz e escuridão, som e silêncio, cheio e vazio. O importante é que essas polaridades não são concebidas como opostas em guerra, mas sim como complementares, que juntas criam harmonia e beleza.
No contexto do ideal feminino, a dualidade também se manifesta no equilíbrio entre as características físicas, emocionais e mentais. O corpo físico feminino é geralmente mais frágil em termos de força bruta, mas é compensado por uma grande resistência emocional e uma mente prática, que tende a concretizar o pensamento de forma útil e aplicada à vida quotidiana. Esta complementaridade entre o masculino e o feminino é o que permite que o mundo gire, criando movimento e progresso através da harmonia entre opostos.
Os gregos representavam essas ideias através das suas divindades, cada uma delas simbolizando diferentes aspetos da existência humana e do cosmos. No panteão grego, as deusas representam diferentes virtudes e características femininas que, segundo a mitologia, são potencialidades latentes em todas as mulheres. Atena, por exemplo, personifica a sabedoria e a prudência, combinando poder com medida, enquanto Afrodite simboliza o amor e a beleza, nascida da unidade primordial, destinada a restaurar a harmonia no mundo dividido.
Na mitologia grega, o panteão olímpico era composto por deuses e deusas que representavam uma vasta gama de virtudes e características humanas. Entre as deusas, seis eram particularmente importantes na definição do ideal feminino: Atena, Afrodite, Artémis, Deméter, Hera e Héstia. Cada uma destas deusas oferecia às mulheres exemplos de virtudes a seguir, simbolizando diferentes aspetos do ser feminino.
Atena, a deusa da sabedoria, representa a combinação da prudência com o poder, criando uma forma de liderança que é tanto diplomática quanto eficaz. Ela inspira a capacidade de manter a coesão e a harmonia nas relações, algo que é crucial na manutenção da unidade familiar e social. Afrodite, por sua vez, simboliza o amor e a beleza, mas não um amor superficial; ela é filha da unidade primordial e promove a união verdadeira e duradoura entre os corações, transcendendo as divisões físicas e materiais.
Artémis, a deusa da caça e da pureza, simboliza a capacidade de manter a pureza e a integridade, mesmo em situações de grande poder. Ela é o arquétipo da proteção e do respeito às leis naturais, servindo como modelo para uma vida vivida em harmonia com o mundo natural e espiritual. Deméter, a deusa da colheita e da fertilidade, representa a generosidade e a capacidade de nutrir e cuidar dos outros, assegurando que a vida floresça e prospere.
Hera, a rainha dos deuses, é a guardiã dos pactos e do compromisso, ensinando a importância de se comprometer com valores elevados e de manter a integridade, mesmo quando confrontada com desafios. Por fim, Héstia, a deusa do lar, simboliza o centro sagrado da vida, o fogo que aquece e dá sentido à existência humana. Ela ensina a importância de sacralizar a vida quotidiana, fazendo de cada ato um reflexo dos valores mais elevados.
As heroínas gregas, como Antígona, Hipermnestra, Alceste, Ifigénia, Ariadne e Penélope, inspiraram-se nestas deusas para superar as suas próprias provas. Antígona, por exemplo, demonstra a fidelidade às leis divinas acima das leis humanas, enquanto Penélope personifica a paciência e a perseverança, mantendo a ordem e a esperança viva em Ítaca durante a longa ausência de Ulisses. Estas histórias mostram que, independentemente das circunstâncias, as mulheres podem manifestar as virtudes divinas no seu dia-a-dia, tornando-se verdadeiras heroínas.
Cada uma destas histórias não é apenas um conto do passado, mas sim um espelho das potencialidades que residem em cada mulher. A mitologia grega oferece um tesouro de sabedoria sobre como viver de acordo com as virtudes femininas, revelando o potencial oculto dentro de cada uma para alcançar a grandeza e a harmonia.
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