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"A Dor" - Série "O Profeta", segundo Gibran: resumo sobre os comentários da Professora Lúcia Helena Galvão

Nota Editorial: neste post, apresento um resumo do vídeo "A DOR segundo Gibran - Série "O Profeta" - Lúcia Helena Galvão" que que é conteúdo que pertence ao canal do Youtube da Instituição "Nova Acrópole". A "Nova Acrópole" é uma instituição que admiro profundamente pelo seu trabalho em filosofia e desenvolvimento pessoal, oferece conteúdos valiosos e esclarecedores. Através deste resumo, procuro compartilhar de forma acessível as principais ideias discutidas no vídeo. Agradeço à Nova Acrópole pelo seu empenho em disseminar conhecimento e promover a reflexão, bem como, à Professora Lúcia Helena Galvão, pela generosidade e encanto que deixa por onde passa.







O capítulo sobre a dor em O Profeta, de Kahlil Gibran, revela uma perspectiva profundamente transformadora sobre a dor e seu papel na vida humana. Diferente da visão moderna que frequentemente associa felicidade ao prazer e dor ao sofrimento, Gibran nos oferece uma abordagem muito mais filosófica e espiritual, que desafia nossas concepções sobre o que realmente nos faz crescer.


Ao invés de tratar a dor como um mal que deve ser evitado a todo custo, Gibran a eleva a um instrumento de transformação pessoal. Logo no início do capítulo, ele descreve a dor como "o quebrar da concha que envolve a vossa compreensão", sugerindo que a dor nos liberta, forçando-nos a expandir nossas consciências e a transcender nossos limites atuais. Essa imagem é profunda, pois implica que a dor não é uma adversidade arbitrária, mas uma necessidade, uma oportunidade para crescer e se expandir.


Na sociedade moderna, muitas vezes vinculamos felicidade ao conforto e ao prazer imediato. No entanto, Gibran nos lembra que essa é uma visão limitada. A verdadeira felicidade, de acordo com ele, está ligada ao crescimento, e crescer muitas vezes exige desconforto. Como ele coloca, "o que é bom não é o que é agradável, mas o que te faz crescer." Essa frase desafia a noção moderna de que o bem deve sempre estar associado a algo prazeroso, afirmando que o que nos fortalece e nos torna seres humanos melhores nem sempre é fácil ou confortável.

Gibran se alinha com pensadores antigos, como os estoicos e os budistas, que veem a dor e o sofrimento como veículos de autoconhecimento e evolução. A dor, para esses pensadores, não é um fim em si mesma, mas uma etapa em um processo maior de amadurecimento. Ela nos desafia a olhar para dentro, a nos questionar, e a encontrar soluções não horizontais, mas verticais, que nos elevam a novos patamares de compreensão e existência.


A metáfora de Gibran sobre a dor como um "remédio amargo" dado por um médico divino também é especialmente tocante. Esse "remédio", embora difícil de engolir, é o que cura nossa alma doente. A dor, portanto, não é um castigo, mas uma cura, uma oportunidade de nos libertarmos de ilusões e limitações que nos prendem a níveis mais baixos de existência. Ao aceitarmos a dor como parte do processo natural de crescimento, somos convidados a encará-la com um novo olhar: em vez de evitá-la ou resistir a ela, devemos abraçá-la como uma aliada em nosso caminho de autodescoberta.


Essa visão ecoa a filosofia budista que vê o sofrimento como um catalisador para a iluminação. Buda ensinou que a dor é uma parte inevitável da vida, mas o sofrimento é opcional – ele surge quando resistimos à dor em vez de aceitá-la e aprender com ela. Gibran parece estar de acordo, enfatizando que a dor só se torna destrutiva quando nos recusamos a aprender com ela. Ele nos lembra que muitos permanecem presos em ciclos de autopiedade e vitimização, usando a dor como uma desculpa para se acomodar, em vez de um trampolim para a mudança.


Um dos pontos mais marcantes do capítulo é a maneira como Gibran explora a dor como parte de um ciclo natural, semelhante às estações do ano. Assim como aceitamos o inverno e suas dificuldades, devemos aceitar os "invernos" de nossa alma, sabendo que eles são apenas uma fase de um ciclo maior de vida e renovação. As estações de nossa dor não são finais, mas preparações para a primavera do nosso renascimento. Essa analogia nos lembra que a vida é feita de ciclos e que cada momento de dor traz consigo a promessa de uma nova fase de crescimento e florescimento.


Gibran também sugere que a dor é um indicador de que estamos prontos para um novo nível de consciência. Quando nos encontramos diante de obstáculos ou dificuldades insuportáveis, muitas vezes é um sinal de que estamos prontos para subir para um nível mais elevado de compreensão. Ele utiliza a metáfora da semente, que precisa quebrar sua casca para poder crescer e se transformar em uma planta. A dor, assim como o processo de germinação, é um passo necessário no processo de expansão da alma. É essa resistência, esse atrito, que nos permite mover e evoluir.


Outro ponto significativo que Gibran levanta é a ideia de que a dor é personalizada – ou seja, os obstáculos que enfrentamos são proporcionais à nossa capacidade de superá-los. Ele nos adverte a não invejar aqueles que parecem viver sem problemas, pois isso pode ser um sinal de que sua capacidade de resistência é limitada. A dor, assim como as provas que enfrentamos na vida, é uma oportunidade oferecida àqueles que têm força para superá-la. Em vez de ver a dor como um castigo, devemos vê-la como um sinal de que a vida confia em nossa capacidade de crescimento.


Ao final do capítulo, Gibran fecha sua reflexão com uma imagem poderosa: a taça amarga da dor, oferecida por um oleiro divino, foi moldada com as lágrimas desse oleiro. Essa imagem nos lembra que a dor, por mais difícil que seja, faz parte do processo de criação divina. Ela é uma ferramenta de lapidação, moldada com cuidado e compaixão, destinada a nos transformar em seres humanos mais sábios e mais compassivos.


Em suma, o capítulo de Gibran sobre a dor é uma meditação profunda sobre como devemos encarar as dificuldades da vida. Ele nos convida a abandonar a visão simplista de que a felicidade está ligada apenas ao prazer e a aceitar que o verdadeiro crescimento vem do confronto com o sofrimento. Ao aprendermos a ver a dor não como um inimigo, mas como uma aliada, podemos nos libertar de muitas de nossas limitações e nos elevar a novas alturas de compreensão e existência.

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